Chegamos em Lisboa no finalzinho da tarde, ainda tinha sol. Lisboa tem um clima muito diferente de Porto e Coimbra. Estava calorzinho, muito agradável. Gabi e eu fomos ao albergue. Demoramos um pouquinho para encontrá-lo porque sua fachada não era de um albergue. Em Lisboa todos as casas, prédios são grudados... Encontramos pelo número, o albergue era muito legal. Com uma decoração preta e vermelho sangue, muito bonito. Parecia uma casa de família, haviam jovens na sala, uns comendo na mesa, outros vendo TV, outras sentadas em almofadas comendo. Os quartos eram mistos, com quatro beliches cada. O albergue tinha uma cozinha, então fomos fazer uma massa! Que vontade de comer comida! Heheh... Além de nós, haviam duas meninas cozinhando. Resolvi, bem feliz, conversar com elas! Não fui feliz!! Elas só falavam inglês, uma era indiana e a outra do sul da África. Além delas, todos os outros alberguistas falavam inglês.. Me senti um peixinho fora d'água! Depois dessa experiência decidi que vou aprender a falar inglês, infelizmente é a língua universal, precisamos delas, algumas vezes, para nos comunicar e precisamos nos comunicar, sempre, para sobrevivermos!
Depois de comermos, eu e Gabi saímos para conhecer a noite lisbonense. O resto do pessoal ficou no camping. Veja bem, era uma terça-feira. Pensávamos que não íamos encontrar muitos atrações, mas, que bom, estávamos enganadas! Primeiro fomos num bar cubano, só tomamos uma cerveja. Depois encontramos outro, ´Lábios de Vinho' onde havia cerveja por 1 euro e estava cheio de pessoas (porque será?). Como o bar era pequeno, haviam muitas pessoas na rua! A cada dez minuto precisávamos nos espremer nas curtas calçadas porque passava um taxi ou um caminhão de lixo. Eu e Gabi nos deliciamos com a barata e ótima cerveja portuguesa, filosofando e compartindo segredos sobre a vida. Já tenho uma grande conquista desta viagem, a amizade desta pessoa muito querida! Bom, lá pela quarta ou quinta cerveja, numa dessas casualidades da vida, aparece o Gui (lembram do menino de Madrid? Esse!). Bom, aí tomamos mais umas cervejas em sua companhia e voltamos pra o albergue. Ele ficava no bairro baixo, o bar no bairro alto. Para subir há duas opções: a pé, subindo muitas escadas e depois uma ladeira muito inclinada, ou usando o elevador da Glória, igual ao plano inclinado de Salvador. Para quem não conhece, explico: é um elevador, no caso um trenzinho, que sobe uma ladeira de 265 metros, para usá-lo temos que pagar 1,40 euro e de noite não funciona.
Foi muito divertido descer aquela ladeira de noite, a sensação era de que íamos voar, ou rolar... hehehe
Após uma noite de sono profundo, interrompida algumas vezes pelos bêbados que chegavam, acordamos cedo. Um banho para curar a ressaca e saímos para conhecer Lisboa. Encontramos o pessoal e fomos para o bairro Belém. Alí estão alguns dos mais conhecidos monumentos de Lisboa.
Começamos nosso passeio pelo Mosteiro dos Jerónimos. É uma construção IMPRESSIONANTE. Levou um século para ser construído e é uma mescla de vários estilos arquitetônicos. Lá estão enterrados Fernando Pessoa e Luís de Camões.
Quando chegamos, haviam vários cavaleiros, eles usavam um traje azul estranho, seguravam uma bandeira vermelha e andavam em ordem, estavam ensaiando, porque repetiram por duas vezes a mesma coisa. Fomos perguntar a um polícial o que está acontecendo, imaginávamos que fosse um velório (porque havíamos visto um carro de velório – eles são compridos atrás e de vidro). Mas, o que estava acontecendo era a troca de embaixadores!
Não queríamos ver a cerimônia de troca, então fomos conhecer a Torre de Belém. A Torre foi construída na era dos Descobrimentos. Li no guia que a Cathy levou para Portugal que a Torre era um símbolo da expansão de Porugal, na época em que “descobriram” vários países e eram o País mais rico e influente do mundo. Agora fiz uma pesquisa e descobri que foi usado como defesa e até como prisão política. Ficam aí as informações. A Torre de Belém é muito linda, não preciso de maiores palavras para descrevê-la.. E sua vista, para o Rio Tejo e para Lisboa, do terraço do quinto piso planta é insquecível!!
Continuamos nosso passeio conhecendo o Padrão dos Descobrimentos, que fica ao lado da Torre. Na calçada que há na frente tem o mundo desenhado, com caravelas nos lugares que Portugal “descobriu”, por exemplo há uma caravela desenhando no litoral do Brasil, escrito 'Porto Seguro' e '1500'.
Esse monumento, do Padrão dos Descobrimentos, consiste numa enorme caravela em pedra, encima há vários personagens da história portuguesa, como Infante D. Henrique, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Camões, entre outros. A caravela está na direção do Rio Tejo, e evoca claramente a expansão marítima portuguesa.
Depois disso voltamos para o Mosteiro de Jerónimos (que está na frente), lá sentamos na grama e fizemos um lanche!
Depois de comer um sanduíche, descansar um pouquinho admirando a grandiosidade do Mosteiro, voltamos a vida de turista!! Próximo ponto foi a Praça do Comércio. Para irmos até lá usamos um transporte público e também turístico de Portugal, até então chamado de trenzinho. No caminho conversei com um casal português muito simpático, descobri que aquele trem se chama Carris e você paga se quer. Tá, na verdade não é assim, você tem que pagar. Mas não há ninguém para receber o dinheiro e controlar, você simplesmente põe a moeda numa máquina. Claro que as pessoas pagam, aqui há uma confiança muito grande na honestidade das pessoas.
Chegamos na Praça do Comércio, apesar do nome ela não tem comércio. É a praça mais majestosa de Lisboa. No lado norte há um enorme arco - Arco do Triunfo - que conduz a uma rua onde havia tendas com artesanato.
No meio há uma estátua de alguém que alguma pessoa importante... Já estou cansando de ver estátuas e igrejas, têm muitas por aqui!
Nesse momento da viagem o grupo raxou! Mas não foi nada grave, só seguimos rumos diferentes. Os meninos foram fazer um passeio turístico, Cathy voltou pra Valladolid e nós seguimos caminhando e conhecendo Lisboa.
Caminhamos até o Castelo de São Jorge, não o visitamos porque a entrada era cara e últimos dias de viagem são complicados... Andando pelas ruas de Lisboa me encantei por cada detalhe, apesar de estar lotada por turistas, haviam também muitas pessoas simples pelas ruas, as casinhas humildes, muito próxima uma da outra, todos os edifícios são do mesmo tamanho (acredito q três andares), os carris passando pelas ruas, seus trilhos na estrada e seus cabos (muitos) no ar, muitos barzinhos e em todos um grupo de pessoas desfrutando da de uma cerveja, um lanche...
No caminho, paramos num bar, de um brasileiro, tomamos uma cerveja e continuamos nosso passeio. Próxima parada foi num miradouro na Alfama, lá havia um senhor tocando um tango (muito comum haver pessoas mostrando seus talentos em troca de umas moedas). Eu e a Di entramos no clima e dançamos (ou tentamos) um tango! A gente se diverte! Hehe
As gurias precisavam resolver uma questão com os meninos, então resolvemos ir para o Hostel. Pegamos um carris (agora um pequeno) até a Praça de Camões. Que sufoco! Era horário de pico, o carris freava bruscamente, estava lotado... Como diz a Quel, pior que visitão das 18hs!!
Fomos para o hostel. As outras meninas resolveram que dormiriam lá com a gente, os meninos foram dormir na praia. Fizemos um arroz com legumes, dormimos uma hora e saímos...
Já eram dez horas da noite, fomos procurar um lugar legal para jantar. Encontramos um restaurante no Chiado onde trabalhavam vários brasileiros. Sentamos numa mesa na rua, como estava muito frio nos deram umas cobertas!
É impressionante a quantidade de brasileiros que trabalham em Portugal, em restaurantes, entregando panfletos na rua...
Depois, fomos para o mesmo bar do dia anterior. Havíamos combinado de nos encontrar com o Guilherme lá. Ele chegou com uns amigos. Só lembro do nome de três: Guiné, o mais engraçado, o Seixas e o Renato, esse parecia uma criança. Tomamos umas cervejas com eles, eles são 'giro' (uma maneira portuguesa de dizer legal).
No nosso último dia em Portugal, acordamos cedo (como todos os outros). Fomos admirar Lisboa do miradouro Adamastor, que fica no Bairro Alto. Quanto subir aquelas escadas e aquela ladeira!!! É divertido, mas um pouco dolorido! De lá a vista para o Rio Tejo e para a cidade é muito bonita.
Após, caminhamos pela Avenida da Liberdade, uma avenida muito arborizada e movimentada. Ao seu final (ou começo) está a Praça Marquês de Pombal. Marquês de Pombal foi o homem que ficou a frente da reconstrução de Lisboa, quando a mesma foi, em 1755, destruída por um tremor de terra, seguido de um grande incêndio que atingiu principalmente a Baixa.
Atrás está o Parque Eduardo VII, onde fizemos o lanche do dia! Nos acomodamos na grama do parque, comemos uns sanduíches (novamente hehe nunca havia comido tanto pão na minha vida!). Depois fizemos a sesta espanhola! Que coisa boa deitar na grama, sentir o calor do sol (nem preciso dizer que as gringas voltaram queimadas), escutar o som dos pássaros... Também era possível escutar o som dos automóveis e do movimento da cidade que estava logo ali na frente. Numa mistura de sentimentos, pensamentos, desejos, lembranças relaxei depois dos últimos agitados dias. Não estávamos só, haviam muitos pombos nos fazendo companhia.
Antes que minha mãe fique preocupada, preciso explicar que dormir num parque no meio de uma capital não é um risco quando está capital está localizada na Europa. Portugal, que aparentemente é o país mais humilde, é muito tranqüilo.
Depois de renovadas as energias, voltamos a nossa vida de turista. Fomos até o Elevador de Santa Justa, que liga a Baixa ao Bairro Alto.
Ah, já estava me esquecendo, Lisboa tem sua comida típica que é o Pastel de Belém. Bem gostoso! Além do Pastel de Belém aproveitei para matar a saudade de comer um folhado, um risóli e coxinha de galinha – não existem na Espanha!
Assim, terminamos nosso passeio por Portugal e pela encantadora Lisboa! Um país muito legal e muito familiar!