quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

un poquito de tudo (ou não)

Dia 26 de fevereiro, 15 dias em terra espanhola!
Pretendo escrever um texto que relate como foram esses 15 dias, um relato organizado, mas não um diário. Vamos ver no que vai dá!

Como já comentei, os primeiros dias foram uma correria atrás de um piso. Os olhos brilhavam em cada esquina, encantada com a Europa, suas ruas limpinhas, as pessoas bem vestidas, as construções antigas, muitos monumentos, uma enrolação no portunhol.. Caminhando, olhando, caminhando, tentado nos comunicar, caminhando...

A primeira impressão que tive dos espanhóis foi confusa. Havia conhecido o pessoal da pensão, que eram muito gentis e prestativos. Mas também me deparei com umas pessoas muito grossas, sem paciência, mal educadas. Infelizmente as impressões riuns parecem ter mais força que as boas, então no começo não gostei muito das pessoas daqui. Mas logo essa opinião mudou.

Superado o primeiro ponto, já instaladas num apartamento, começou a correria chamada faculdade. Tivemos que nos apresentar para os assuntos internacionais, ganhamos um cartão da universidade. Dizem que ele dá desconto, mas até agora não descobri aonde! Próximo paso foi conversar com o professor coordenador do Direito, ele se chama Damásio, aparenta ter uns 40 e pouco anos, tem uma sala muito, mas muito, bagunçada (ah, na faculdade cada professor tem sua sala). A função dele é nos orientar quanto as cadeiras que queremos fazer. Na verdade ele diz se o professor é bom ou não, se aconselha a fazer tal cadeira ou não. Nós podemos fazer qualquer cadeira de qualquer curso, basta que seje do 2º semestre. Então, depois de muito olhar escolhi cursar 'Direito Penitenciário e Direito Penal para Menores' do curso de Direito, óbvio. E 'Sociologia e Antropologia Social' do curso de Educação Social.Além dessas duas, frequentei uma aula de 'Direito Internacional de Meio Ambiente', mas depois não foi mais possível pq ela bateu com a de Educação Social.As aulas são de segunda a quinta, uma hora por dia de cada.A aula de Direito Penitenciário é boa, mas o professor fala muitíssimo rápido, então tenho uma certa dificuldade para compreender 100% do que ele fala.Já o professor Javier, de Sociologia e Antropologia, fala muito bem (só pq eu consigo entender tudo).Como já disse, uma cadeira é do curso de direito e a outra é do curso de Educação Social. São, portanto, em lugares separados. A diferença de comportamento entre uma e outra é gritante.Não adianta, estudante de Direito é estudante de direito em qualquer lugar do mundo, como diz a Raquel. É impressionante (e triste) a maneira como eles se portam. Nem vou falar da maneira como se vestem, mas sim da forma como se comportam.Na faculdade de Direito os estudantes são fechados, ficam em grupinhos, as meninas te olham de cima a baixo e não são nem um pouco simpáticas.Já o pessoal do Educação Social é mais despojado, mais alegre, além de usarem roupas de jovens. Claro que há exceções, no curso de direito uma das exceções se chama Javier, um colega muito atencioso e prestativo. O único, por enquanto. Aqui os estudantes estudam mesmo. Desde o primeiro dia de aula vejo muita gente estudando na "cafeteira" (que não tem nenhum bar, somente máquinas) e na sala de leitura. Isso é preocupante, será que estudam tanto pq são dedicados ou será que as provas são difíceis?

Além das aulas da faculdade vou fazer aulas de Espanhol, num curso oferecido pela Universidade. Precisei fazer uma prova de nível. Como era de imaginar, fiquie no nível I. Por mais que digam que o Espnhol é parecido com o português (e realmente é), é também muito diferente. Os verbos no passado e no futuro são os mais complicados. Ih, e tem também os irregulares.. Bom, mais pra resolver isso vou fazer esse curso.

No dia da prova conheci duas garotas: a Tânia, da Angola e a Virgínia, da Itália. A Vírginia ia vir morar com a gente, mas por motivos de força maior, mudou de idéia.a Tânia é como todo africano (imagino), muito alegre, extrovertida, fala o que tem vontade. Ela disse que quer ir para o Brasil quando fizer 35 anos. Perguntei porque, e a resposta foi, muito tranquilamente, que aos 35 ela já vai ter tido seus filhos ai ela vai para o Brasil fazer uma lipoaspiração. Ela é uma figura.

Tivemos o Dia de Orientação, que durou somente uma, duas horas. Depois das orientações teve um passeio com guia por alguns pontos turísticos de valladolid. Esse passeio era somente para os estudantes de outros campus da universidade (outras cidades), mas nós nos infiltramos no passeio e acabei aprendendo um pouco sobre a história daqui.

No mesmo dia, na noite, aconteceu uma festinha com os ERASMUS. Uma festa estranha com gente esquisita.A festa foi no Maderal, de cara conhecemos uma brasileira que trabalha lá. Ela nos serviu chupitos de graça. Chupitos é como chamam uma bebida, na verdade qualquer bebida, e você vira o copo.A primeira foi de vodka negra, muito boa. As outras eu não lembro! Nessa festa conhecemos pessoas de várias lugares: Alemanha, Belgica, Polônia, República Tcheca, entre outras. Conhecemos também duas japonesas muito queridas, a Saiori e a Kaori. Fiquei encantada com a simpatia delas. A única coisa que não gostei na festa foram as músicas. Só tocou músicas americanas!

Por hoje está bom!

Besitos!!!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Saudades...


Olhando algumas fotografias, relembrando alguns momentos bons que passei ao lado de pessoas queridas, ao som do Chico Buarque, tive minha primeira crise de saudades aqui na Espanha. Há dez dias longe do Brasil sinto uma saudade enorme, provavelmente ela seja tão grande porque sei que demorará para estar junto das pessoas que sinto falta.

Estive refletindo se sentir saudades é bom ou ruim. Sentimos saudades somente daquilo que nos fez bem, daquelas pessoas que são importantes e que amamos. Tá bom, posso até sentir saudades de pessoas não tão importantes, mas que são especiais.

Saudade de pessoas, momentos, músicas, cheiros, gostos, abraços, carinhos e até das discussões, das brigas... Sejam coisas boas ou nem tanto, certo é que sentimos saudades daquilo que amamos, se há amor então é uma coisa boa. Mas sentir o coração apertado, vontade de abraçar, de ouvir a voz, não é muito bom! O que acalma é saber que hoje foi um dia nostálgico, que os outros serão diferentes e que daqui a 6 meses irei matar o que estará me matando!
Sempre soube que iria sentir muita saudade.
Por mais que me ache uma pessoa independente, sou muito apegada e ligada a minha família, apesar de morar longe do meus pais, sei que estão por perto e que não passo duas semanas sem vê-los.
Já sinto, também, muita saudade das minhas amigas que ficaram no Brasil, do pessoal de Caxias, das crianças que eu mais amo no mundo: Bianca, Jean e Matheus.
Como falou nossa amiga de Angola, Tânia, os brasileiros são muito sentimentalistas. Da minha parte é verdade, sou mesmo. Sinto muitas saudades de quem eu amo e que essa saudade me deixa melancólica, às vezes.
Talvez eu me acostume com a distância, com a saudade, mas tenho dúvidas.
Ontem fizeram 10 dias que estou na Espanha.
Nesses dez dias muitas coisas aconteceram. As aulas já começaram, já conheci alguns lugares turísticos da cidades, já freqüentei um restaurante brasileiro, já teve festa com os Erasmus (como são chamados os intercambistas), conheci quase todas ruas da cidade, já discuti com a dona de uma loja, me irritei muito com algumas vendedoras, enchi o saco de cigarro, provei umas comidas típicas, comi muitas outras brasileiras (feitas em casa), tomei chimarrão com uma era argentina um pouco forte, conheci o Carnaval da Espanha, conheci pessoas de outras culturas, me encantei com a Europa, me decepcionei também...
Em breve voltarei para falar um pouquinho de cada sentimento e cada emoção vivida nesses dez primeiros dias!
Adiós!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Primeiros dias!!

Depois de passados os primeiros dias, aquela correira atrás de piso (apartamento), aos poucos as coisas estão se acalmando.

Desde sábado estou vivendo no novo apartamento, ele está localizado a dois minutos da “Facultad de Derecho”, próximo também a Catedral de Valladolid, a Plaza Santa Cruz, a casa del Estudiante... Na verdade moro perto de quase tudo, porque como já disse antes, as coisas aqui são muito próximas, mas ainda continuo me perdendo, talvez pq tem muitas ruas pequeninhas, parecidas, há muitas praças e igrejas e aos pouquinhos estou conseguindo diferenciá-las.
O piso é bom. Pelo menos está sempre quentinho! Só estranho o fato de não ter forno, nem pia para lavar roupa, somente máquina. Ah, também não tem TV, mas logo logo a Fé, proprietária, irá comprar uma.
Desde que cheguei, todos os dias foram muito cansativos, caminhamos muito, fazemos muitas coisas num dia. Vou contá-los de forma bem resumida:
Sábado: Acordamos tarde, estávamos no piso do Emanuel, um velhinho aparentemente simpático. Fomos até o piso da Fé. Explico: Pretendíamos alugar o piso do Emanuel mas após passar uma noite no lugar, mudamos de idéia, principalmente pq lá era muito frio. Então fechamos o contrato com a Fé. Fomos buscar nossas malas, no caminho nos encantamos por uma loja com roupas em 'rebajas' (liquidação). Quando voltamos eram 21:30 e precisávamos ir no mercado, os maiores fechavam às 22:00. A única opção foi sair correndo, literalmente, atrás de um. Creio que foi a única vez que vi alguém correndo pelas ruas. Parecíamos três locas correndo, perguntando ofegantes a cada esquina onde era o mercado, até que o encontramos! Fizemos algumas compras básicas. A janta desse dia foi arroz com bife acebolado e estava uma delícia, uma pq a vontade de comer alguma coisa conhecida era grande, outra porque, modéstia a parte, somos ótimas cozinheiras.
No domingo acordamos tarde, fizemos uma massa. Depois fomos num bar chamado La Passion Café, um bar muito estiloso, com uma decoração repleta de objetos de diversas culturas e religiões, tinha, por exemplo, um quadro da Frida e um do Manu Chao. Na noite assistimos o filme “Quanto vale ou é por quilo?”, filme brasileiro que retrata duas épocas distintas (comércio dos escravos e a atual exploração da miséria) que são, na verdade, muito parecidas. Que os/as negros/as do século XXI são escravos sem patrão, pessoas com menores oportunidades, criticando fortemente as ONG's, por sua solidariedade de mentirinha.
Em breve escreverei mais... Beijos com muita saudade!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Acá Estamos! Espanha, encantadora!

Depois de uma viagem cansativa de 10 horas, depois de quase passar fome em Buenos Aires (sim, porque a comida e a bebida são muito caras no aeroporto e nós ficamos 9 horas vagando por ele), chegamos em Madrid. Dia 11 de fevereiro, às 15hs (ao meio-dia no Brasil) aterrissamos no aeroporto de Barajas.

Logo que chegamos, todos os passageiros tinham que passar por uns guichês, separados por serem ou não da União Européia. Nesse guichê precisei apresentar somente meu passaporte, foi super tranqüilo. Eu não estava tão preocupada mas sabia que era uma roleta-russa, que se resolvessem complicar, complicariam.

Pegamos um ônibus à Valladolid. Cheguei naquela que será minha cidade nos próximos 6 meses. Fomos para a pensão, já era noite. Conhecemos um italiano, chamado Bernardo, e na companhia dele fomos jantar num restaurante chamado Taberna Taurina, um lugar com quadros de touradas e outras características da cultura local. O prato da noite foi uma mistura de carne com morzila e chorizo, nada de novidade em relação a nossa culinária, por enquanto. Provei a primeira cerveja aqui na Espanha, caña (chopp) Mahou, bem boa!

Nos dois primeiros dias aqui em Valladolid caminhamos muito mas não porque as coisas são longe, pelo contrário as coisas aqui são muito perto, as quadras são pequenas, mas até não conhecermos o caminho certo ficamos um pouco perdidas!
Não tivemos muita sorte no primeiro dia de procura, nos dois lugares que fomos necessitava de um avalista para poder alugar.
No outro dia, após caminhar o dia todo, olhar uns 5 apartamentos, se irritar com alguns espanhóis mal educados (falarei sobre isso depois), encontramos um piso ideal.. Na verdade ele tem alguns problemas, mas é bem aconchegante, perto da faculdade de Direito, em frente a uma pracinha e em cima de um bar!
Agora, algumas impressões da Espanha, Valladolid:
A Espanha é realmente como aparece nos filmes, até agora não vi sujeira nas ruas, as pessoas são muito educadas e comportadas, por exemplo: esperam o sinal abrir para atravessar a rua e na calçada. Um policial chamou atenção minha e da Raquel por estarmos observando o mapa na rua, próximas a calçada.
Aqui as construções são muito padronizadas, a maioria de tijolo a vista. Também há muitas igrejas, como já imaginava. A cada esquina você encontra uma, mas ainda não as conheci...
As pessoas são muito bem vestidas e cuidadas, ainda não vi nenhuma pessoa carente. Também é notória a diferença no número de brancos e negros, até agora vi muitos poucos negros aqui.
Além disso, aqui tem algumas coisas que não temos no Brasil, como coletores de pilhas, nas sinaleiras têm som para os surdos, nos ônibus não existem catracas.
A não existência de catracas nos ônibus é uma demostração de como é seguro aqui. Há também uma confiança muito grande nas pessoas, outro dia fomos almoçar numa pizzaria, às 16 horas, e a única atendente nos deixou sozinha no local e voltou cerca de 10 minutos depois.
A cultura dos espanhóis é em muitos sentidos diferente da nossa, mas o que achei, até agora, mais surpreendente foi o costume deles de tirar uma soneca entre a manhã e a tarde. A manhã começa às 9hs e vai até às 14hs, e a tarde começa às 17hs e vai até às 21hs. Somente os restaurantes estão abertos das 14hs às 16hs, e somente neste horário. Neste horário de cesta o comércio fecha, as pessoas se recolhem e as ruas ficam bem tranqüilas.
Ainda tenho muitas impressões e novidades para escrever, mas realmente nos últimos dias sobrou pouco tempo e também porque está difícil acessar a internet.
Ah, aqui não se encontra lan house, sem exagero até agora só encontramos um lugar com acesso a internet. Sorte que alguns lugares conseguimos o sinal de wireless, como uma praça...
Em breve escreverei mais..